HALF MISSION 2011
Então esperei meus parceiros Erik e Helo e fomos pra praça em San Javier onde seria a largada. Andamos uns 2km. A praça estava lotada! Já estava quase na hora da largada, então colocamos os nossos capacetes e arrumamos as lanternas. Nessa hora o meu coração estava acelerado...quanta emoção!
Na largada todo mundo saiu correndo e nós fomos atrás do pelotão, fomos correndo pelas ruas até chegar numa estradinha de terra, a partir daí começamos a subir, de leve, mas subir. Na frente dava para ver as montanhas e eu sabia que iríamos para lá, mas não imaginava o que viria pela frente.
Bom, acho que meia hora depois da largada começou meu sofrimento. Comecei a sentir muita dor no meu ombro, tentava suportar mas estava difícil.
O Erik percebeu que eu precisava de ajuda, então carregou a minha mochila pra aliviar a dor. Nossa...foi ótimo!
Mas ao mesmo tempo fiquei indignada com aquela dor, tão pouco tempo e eu daquele jeito. Acho que o Erik carregou minha mochila uns 15 ou 20 minutos. Foi o suficiente pra eu melhorar.
Olhei para aquela montanha enorme, super íngreme e comecei a rezar...rsrsrs...sério!
Era a hora da “faca na caveira”, com diz o Sidney, e comecei a subir, subir, subir...olhava lá no alto e via umas “formiguinhas humanas”, eram os primeiros atletas que estavam na frente.
Gente, aquela montanha não tinha fim, quando achava que estava terminando, chegava lá em cima e tinha muuuuuiitoooo mais!
Aí veio a pior parte da prova: as cãimbras. Meu Deus! Que dor horrível, nas duas pernas, tudo travado...eu olhava no relógio e tinha passado só 1h e meia desde a largada. Eu não acreditava! Estava só no começo e eu pensando em desistir.
Eu estava muito decepcionada comigo. Sabia o quanto tinha treinado, quantos sacrifícios, deixando de ficar com a minha família, meu amigos e várias vezes deixei de trabalhar para fazer os treinos e tudo foi em vão!
Ahh...não podia ser! A Helo e o Erik tentavam me motivar, mas a dor era maior...lembro do Horácio e do Miguelito, dois participantes argentinos que passaram por mim e me deram algumas castanhas...mas nada adiantava, sentia enjôo e um pouco de falta de ar, como eu iria comer??
A Helo parecia uma mãe que dá comidinha na boca...rs...ela enfiava uns pedacinhos de bolacha e eu resistia.
Gente, resumindo, foi uma tortura! E foi assim até as 4h da tarde. Lembro exatamente desse momento. A Helo e o Erik sentaram numa pedra e eu vinha logo atrás. Sentei com eles e o Erik começou a gravar, abri um pacotinho de batatinha (que estava quase explodindo de tão estufado) e comi. E o melhor de tudo: melhorei!! Mas eu fiquei tão bem, mas tão bem que comecei a cantar um samba (“Diga espelho meu se há na avenida alguém mais feliz que eu!!!”)...rsrs...um casal de argentinos que vinha logo atrás ficou impressionado, disseram que o brasileiro é o povo mais alegre do mundo.
A partir desse momento comecei a curtir a prova...continuamos a subir por mais 2 horas até chegarmos no topo. Que alívio! Foi tão bom concluir essa primeira etapa da prova.
Lá em cima encontramos outros participantes que nos aconselharam a colocar roupa de frio pois a temperatura estava caindo muito. Nos trocamos e continuamos. O clima entre nós 3 estava ótimo...tudo mundo bem, sem dor, o pôr do sol era lindo, o lugar MARAVILHOSO, um silêncio que só era quebrado com as nossas gargalhadas.
Continuamos caminhando até o topo da montanha, quase 2.800m, e pra chegar lá em cima precisei de coragem, era quase uma escalada, tinha que segurar numa pedra, colocar a perna em outra, me equilibrar...Aff...difícil, principalmente pra mim q sou pequena...minha perna não alcançava...rsrsrs...mas deu tudo certo, chegamos no topo, uma vista linda, apesar de ser a noite.
E então começamos a descer, como estava escuro, ficamos num grupo de 14 pessoas...isso foi muito bom pois não nos perdemos. O terreno estava cheio de pedras soltas, o Erik caiu e quebrou o bastão logo no começo. Andamos bastante até chegar no primeiro ponto de apoio.
Já havia passado da meia noite e estava bem frio. Comemos, cuidamos dos pés e até dançamos um pouco...é verdade...rsrs. O Erik pegou um violão que estava lá e eu e a Helô dançamos. Que cena cômica! O pessoal do nosso grupo se divertiu! Mas foi rapidinho, pois tinha muito pela frente.
A noite estava linda, lua cheia, muitas estrelas...inclusive vimos uma estrela cadente bem pertinho...ela explodiu na nossa frente! Foi incrível! Pareciam fogos de artifício.
A noite foi ótima, apesar do frio, eu estava animada e por isso segui mais a frente dos meus parceiros. Fui junto com o Henrique, outro argentino que fez parte do grupo. Gente boa, muito simpático e atencioso. Ele até me emprestou uma blusa pra suportar o frio.
O dia começou a amanhecer e a Helo e o Erik nos alcançaram. Então chegamos no “Cerro de las Cabras”...ai ai ai...tínhamos que enfrentar uma descida gigantesca, tudo aquilo que subimos no começo da prova teríamos que descer!
Olha, não foi fácil, o cansaço bateu, os pés começaram a doer e o joelho também.
Mas fui em frente, não queria parar, sabia que estava no final...demoramos quase 5 horas pra descemos a montanha. Que loucura!
O Henrique continuava com a gente, aceleramos o passo e passamos vários participantes. Chegamos na cidade, faltava pouco e as pessoas nos incentivavam, aplaudiam...eu fiquei arrepiada de tanta emoção!
Continuamos caminhando e depois de mais de 23 horas de prova nós chegamos!! Quanta alegria, quanta superação...foi uma das melhores sensações que já senti. Não tem explicação...só sei que não pára mais!!
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