segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Jogos de Londres 2012 - Opinião de um torcedor



Os jogos olímpicos de Londres terminaram e o sentimento que prevalece e o de frustração com relação ao desempenho da delegação brasileira.
Rio 2016 já está aí... E o que podemos esperar da nossa delegação?
No meu ponto de vista temos um triângulo nada amoroso, de um lado temos a população reclamando a falta de medalhas, em um outro lado temos os atletas que aclamam por mais estrutura para treinamento e um terceiro lado, o COB, que se defende dizendo que ofereceu tudo o que os atletas desejavam.
A imprensa noticiou que foram investidos 2 bilhões nesse último ciclo olímpico, 100 milhões a mais do que a preparação para os Jogos de Pequim e apesar desse aumento subimos apenas uma colocação no quadro de medalhas, superando em 2 medalhas a campanha anterior.
O aumento do número de medalhas pode mascarar uma grande falha na política esportiva brasileira. Afinal conquistamos a nossa melhor campanha olímpica de todos os tempos.
Quero deixar bem claro apesar de ser um educador físico faço essa analise como um torcedor que torce para um dia nos tornarmos uma potência esportiva.

Um dia desses me perguntaram: " Sidney quanto tempo você acha necessário para o Brasil virar uma potência olímpica?" e minha resposta foi : "20 anos".  Em 15 anos é possível obter alguns bons resultados.
Todos os atletas olímpicos são talentos portanto uma exceção quando levamos em conta a população mundial, os atletas olímpicos medalhistas são a exceção da exceção, os medalhistas de ouro então nem se fala.
Minha pergunta é: Como o Brasil que possui quase 196,5 milhões de habitantes possui menos talentos medalhistas do que a Holanda por exemplo que possui 16,7 milhões de habitantes?
A probabilidade de encontrarmos um talento peneirando um caminhão de areia é muito maior do que se peneirarmos um copo de areia não é mesmo?
Isso sem falar em estrutura, patrocínio, treinamento e outros aspectos relevantes para um desempenho esportivo de alto rendimento. Estamos falando apenas em encontrar crianças que possuem uma habilidade diferenciada para a prática esportiva.
Em 1999 tive a oportunidade de estudar treinamento desportivo por 15 dias na cidade de Havana em Cuba. Lá me deparei com um sistema de detecção de talentos que tinha com base a educação física escolar.
Em Cuba todas as crianças são obrigadas a frequentar a escola, se alguma criança não o faz os pais são os responsáveis podendo os mesmo serem presos.
A educação física escolar é uma disciplina como outra qualquer portanto se o aluno não obtém um desempenho mínimo o aluno é reprovado.
Se os educadores físicos identificam uma criança com habilidades diferenciadas, a mesma é direcionada aos centros de treinamento, portanto deixam de frequentar as aulas de educação física e passam a treinar nesses centros esportivos nos mesmos dias e horários.
Enquanto isso aqui no Brasil a educação física é uma disciplina facultativa e pouco incentivada pois os alunos utilizam-se de atestados médicos "falsos" para se livrarem dessas aulas.
Uma medalha olímpica não se faz em 8 anos, muito menos em 4 anos. Nosso ginasta campeão olímpico nas argolas Arthur Zanetti pratica ginástica artística faz 14 anos.
Pensando nisso deixo outra pergunta: "Quem serão nossos representantes em 2016?"
Muitos dos nosso atletas olímpicos não estarão presentes na edição brasileira dos jogos olímpicos, será que serão substituídos `a altura? Sei que talentos não aparecerem todos os dias mas desde quando estamos trabalhando para termos outro Marilson dos Santos do atletismo, Giba e Serginho no voleibol?
Será que já estamos `a procura de um novo Cesar Cielo? Não sei...mas deveríamos pois senão viveremos um longo período sem vitórias na natação.
Em Londres 2012 a Jamaica deixou bem claro que em caso de uma possível aposentadoria do extra terrestre Usain Bolt, o país já possui um representante vitorioso e o nome dele é Yohan Blake.
Resumindo, não adianta falarmos que quanto investimos se investimos no momento e no lugar errado. Nosso planejamento para o Rio 2016 deveria ter começado em Atlanta 1996 ou Sydney 2000 mais uma vez na minha opinião.
A palavra mais ouço e leio nesses últimos dias pós jogos é ESTRUTURA. Muitos alegam que os atletas necessitam de mais estrutura porém como explicamos que modalidades muito bem estruturadas e bem pagas não conquistaram bons resultados enquanto que outras modalidades sem quase recursos conquistaram um ótimo desempenho?
Antes de falarmos de investimento em estrutura, arenas, condições de trabalho etc e tal temos que focar o investimento na detecção da principal matéria prima, os talentos esportivos pois ai sim todos os aspectos citados anteriormente farão diferença na performance final e consequentemente no resultado.

abs

Sidney Togumi