Relato - Corrida de montanha
Algum tempo atrás, lembro que durante os treinos, onde mostrei meus interesses para corrida de montanha ao meu “Coach” oriental, Sidão Togumi, que sua resposta de um simples balançar positivo de cabeça era mais profundo que minha vã filosofia, e teria um impacto tão profundo em minha integridade e condição física!
Bem, chegamos em Extrema/MG, no dia 11/06/2011, dia da prova umas 2(duas) horas antes do seu início, lembrando que o início seria às 18hrs. Como sou mineiro, morador de Sampa, já havia passado por aquela cidade várias vezes em muitos anos, e eu diria uns 20 anos aproximadamente, mas nunca imaginei realizar uma corrida de montanha ou ter a pretensão de subir no alto da serra da Mantiqueira. Mas já estava lá! O céu estava claro, a cidade foi construída aos pés da serra e não havia muitas áreas planas. Eh Minas Gerais!!!
Para estacionar o carro e retirar o kit da prova, o andar no morro já exigia um certo esforço. Caminhamos vigorosamente morro acima, e anunciei aos companheiros de prova Sidney e Márcio, que aquele seria o meu ritmo ideal de prova! Gargalhadas soaram e ficaram mais fortes quando perceberam que eu estava falando sério! Santa ingenuidade... primeira parte...! Ah se eu tivesse realmente noção do que estaria por vir...!Primeira corrida de montanha e tinha descoberto recentemente que é uma das mais difíceis do país! Pensei comigo mesmo... Para quem está treinando para uma maratona,... 24km tirava de letra! Santa ingenuidade segunda parte...!
Após a retirada dos kit iniciamos os preparos, troca de roupa, checagem de equipamentos, alimentação, suplementos para a prova, fotos para o facebook e de repente, estávamos na largada com a equipe completa: eu e os futuros titãs da corrida de montanhas: Sidão, Marcião, e Luizão, já aclimatado o desafio desde o dia anterior. Descobri naquele momento que a senioridade ou senilidade adiantada estava centrada em minha pessoa...e uma pergunta me chegou à mente... o quê eu estou fazendo aqui!? Tarde demais! A buzina da largada soou e a moçada desembestou a correr!...Adrenalina a mil, pensei comigo mesmo! Vou surpreender esta meninada e fui no pique! Todo o grupo junto e em 10 minutos apareceu a primeira subida! Concentrei no pacing e comecei a subir a estrada asfaltada, mas íngreme, e eu diria muito íngreme! Taquicardia elevada, falta de ar e fui obrigado a caminhar...Quando dei por mim, a moçada já havia sumido! Pensei comigo,...fu...!!!! Olhei no GPS e não acreditei! 1,67km!!! Não vou dar conta! Nesta hora olhei pro lado e vi uma galera no meu pelotão e mudei de idéia! Só não posso pegar o arrastão da meia noite, pois a gozação seria insuportável!...Concentrei em mim, um passo por vez, e “vamo ki vamo”! Não teria o último lugar!
(...) Subida longa...alto da montanha e lembrei da frase: “se sentir frio... é porque não estou correndo o suficiente”, continuei avançando, e de repente um guia orienta a todos que o caminho é por dentro da mata e pessoal na minha frente começa a “escalar” em fila indiana mata adentro...pedras, cipó no chão, cerca de arame farpado ao lado, gente na frente, gente atrás, e o pelotão desbravando a trilha...homens e mulheres. Percebi que não há muito tempo para pensar e não devemos pensar em nada numa prova destas...somente seguir em frente! Luzes acesas no meio da mata, conversas paralelas, e uma certeza! Mais subida!! “Nussa mãe”!! Pedi pelo amor de deus uma
descida...não tinha noção do que havia pedido ( Santa Ingenuidade... terceira parte...)! E ela veio, uma descida graças a deus, e agradeci muito...! Comecei a correr ladeira abaixo, e senti um grande alívio nos primeiros metros e realmente não sabia o que estava por vir...descida...mais descida...e descida mais íngreme, menos íngreme... descida! Nunca imaginei que diria uma coisa dessas mas comecei a implorar por uma subida...começou a doer as pernas! Neste meio tempo encontrei outro participante, Antônio Carlos de 57 anos, senti animado por poder acompanhá-lo, prosa boa, distração, alegria e vitalidade. Ele já havia participado de edições anteriores e estava feliz por não estar chovendo...pensei...poderia ser pior?!?!?
Logicamente ele se distanciou pela experiência e fôlego admirável, e cheguei ao “pasto da morte”...nome sugestivo! Impressionante a visão! Estava ao pé da montanha e olhava para cima vendo pontos de luzes num breu de escuridão bem no alto...pelo meu ângulo de visão, estavam na direção das estrelas!
Pois é, vamos em direção ao céu e passamos pelo pasto da morte...dá roteiro de filme... de terror!!! “Vamo ki vamo”... Surpreendente a subida!...Mãos apoiando a perna e encontro o Luizão se escorando pela trilhas...perguntei se estava tudo bem e senti que não era o momento para a pergunta...! Educadíssimo, me deu passagem e segui em frente...passo a passo...uma vitória por vez! Em alguns momentos o apoio das mãos no chão evitavam a queda e rolagem ribanceira abaixo...imagina se estivesse chovendo!?! Nem tatu com chuteira subiria!!
Não vou conseguir expressar por palavras as dificuldades naquela subida...e caí na besteira de pedir por uma nova descida...!! Aprendizado de prova de corrida de montanha...cuidado com o que você pede...!
A descida veio.... e com força! Encontro o Marcião se preparando para descida no meio do caminho...e descemos juntos! Foram alguns quilômetros de uma descida cansativa....nunca pensei que diria uma coisa dessas! Olhei para o relógio e já tinha mais de 3 horas de prova que não vi passar. Estranho não!?! Sabia que se tivesse que parar, não conseguiria prosseguir...e para finalizar uma pequena subida até a chegada!
Um pouco mais de Quatro horas de prova, satisfação incrível por ter chegado inteiro, praticamente junto com a meninada e somente alguns minutos atrás do Iron Man Sidão! Eu diria que equivalente ao esforço de uma maratona, a corrida de montanha ficou atraente pela complexidade do desafio, o preparo para atuar com o desconhecido, e pelo terreno hostil, sem uma “certa” previsibilidade à reação do nosso corpo.
Motivação total para o La Mission, com a ingenuidade inerente, mas com a reponsabilidade de se preparar para um grande desafio... Ótimo foi contar aos meus pais sobre aventura, vitória alcançada... e ouvir um frase bem motivante...”está faltando serviço meu filho?!”...
Bem, deixa para lá...! Corrida de montanha é para poucos, e sou um deles...esta é a sensação que tenho! Curti e Valeu!
Neto Vilas Bôas
segunda-feira, 18 de julho de 2011
quinta-feira, 14 de julho de 2011
UPFIT na Maratona de São Paulo 2011- Relato de Marcio Házar
Esta história começa na Grécia Antiga, por volta do ano 490 A.C., quando, ao final da Batalha de Maratona...
Tudo bem. Não vou exagerar.
Na realidade, precisei de aproximadamente cinco anos e meio para ter coragem de correr uma maratona.
42 km e 195 m.
Aí estava o desafio. E ao longo dos últimos seis meses, foram treinos e mais treinos até chegar o grande dia.
19 de junho de 2011.
Dia ensolarado com baixa umidade relativa do ar.
Nos 3 primeiros quilômetros, não deu para imprimir o ritmo desejado, por conta do fluxo de corredores.
Depois, com o ritmo encaixado, cheguei ao 10º quilômetro sem dificuldade, alcancei os primeiros 21 quilômetros no tempo planejado e pude chegar inteiro até o quilômetro 30.
Ultrapassei o temido quilômetro 34 e segui em frente ainda no ritmo planejado.
A partir do final do quilômetro 37, as pernas começaram a sentir o esforço. E daí por diante, os quilômetros finais foram na raça. Parecia o limite.
O incrível, é que nos 200 metros finais, as dores passaram, as pernas retomaram as forças e a sensação de cruzar a linha de chegada e ser recebido pela família é inexplicável. Diferente de todas as outras provas.
Para tentar traduzir: a gente se sente um pouco como Fidípedes, que após a vitória grega na Batalha de Maratona... A diferença é que não há morte no final. O que há é transformação.
E espero ter me transformado numa pessoa melhor.
A prova durou 4 horas 25 minutos e 48 segundos e valeu cada gota de suor e ainda vai render muitas outras histórias pra contar.
Márcio.
Tudo bem. Não vou exagerar.
Na realidade, precisei de aproximadamente cinco anos e meio para ter coragem de correr uma maratona.
42 km e 195 m.
Aí estava o desafio. E ao longo dos últimos seis meses, foram treinos e mais treinos até chegar o grande dia.
19 de junho de 2011.
Dia ensolarado com baixa umidade relativa do ar.
Nos 3 primeiros quilômetros, não deu para imprimir o ritmo desejado, por conta do fluxo de corredores.
Depois, com o ritmo encaixado, cheguei ao 10º quilômetro sem dificuldade, alcancei os primeiros 21 quilômetros no tempo planejado e pude chegar inteiro até o quilômetro 30.
Ultrapassei o temido quilômetro 34 e segui em frente ainda no ritmo planejado.
A partir do final do quilômetro 37, as pernas começaram a sentir o esforço. E daí por diante, os quilômetros finais foram na raça. Parecia o limite.
O incrível, é que nos 200 metros finais, as dores passaram, as pernas retomaram as forças e a sensação de cruzar a linha de chegada e ser recebido pela família é inexplicável. Diferente de todas as outras provas.
Para tentar traduzir: a gente se sente um pouco como Fidípedes, que após a vitória grega na Batalha de Maratona... A diferença é que não há morte no final. O que há é transformação.
E espero ter me transformado numa pessoa melhor.
A prova durou 4 horas 25 minutos e 48 segundos e valeu cada gota de suor e ainda vai render muitas outras histórias pra contar.
Márcio.
segunda-feira, 4 de julho de 2011
sábado, 2 de julho de 2011
sexta-feira, 1 de julho de 2011
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