Olá pessoal!
Como todos sabem uma das coisas que mais gosto de fazer é participar de provas de aventura e uma das minhas preferidas é o La Mision. Uma competição de trekking/trail running que acontece anualmente na patagônia argentina.
Essa prova consiste em percorrer 150km em até 3 dias de competição. Os competidores devem ser auto suficiêntes, isto é, devem carregar todos os equipamentos obrigatórios, alimentos, água e vestuários necessários para completar todo o percurso.
Em todo o percurso a organização coloca postos de controle de passagem obrigatória e para encontrá-los necessitamos navegar através de um mapa e uma bússola.
Minha primeira participação no La Mision aconteceu no ano passado (2009) e já constava no meu calendário de provas de 2010 estar mais uma vez pelas montanhas patagônicas.
Mas dessa vez eu tive a companhia do meu companheiro de equipe de corrida de aventura, Marco Antonio dos Santos (Marcão) que decidiu 3 semanas antes que iria para a prova.
Inscrições feitas, passagens compradas e hospedagem reservada.
Embarcamos para a Argentina no dia 29/11 e chegamos a Villa la Angostura, uma pequena cidade a 100km de Bariloche por volta das 18 horas. Fomos direto para a cabana que havíamos alugado junto com outro brasileiro que estaria na prova, Glauco Chagas, de Porto Alegre.
A cabana era show de bola, muito confortável, dava até para tomar banho de banheira. Coisa de luxo. Detalhe pagamos apenas 100,00 dólares por pessoa para passar 1 semana.
Quartos divididos, roupas arrumadas, saímos pela rua principal (e única) de Villa la Angostura para encontrar a organização e quem sabe já conseguir alguns equipamentos e roupas que faltavam.
Encontrei alguns amigos argentinos e venezuelanos. Amigos, como é bom reencontrá-los.
Depois de um bom jantar voltamos para a cabana para uma boa noite de sono afinal tínhamos que descansar da viagem e nos preparar para o dia seguinte pois esse seria o único dia que teríamos disponível para comprar tudo o que faltava e organizar a mochila para a largada.
Dia 30/12 - Terça feira. Apesar do curto tempo conseguimos completar o check list de equipamentos.
As 19 horas estava agendado o briefing técnico da competição. Foi tudo muito bem organizado, apenas com um pequeno atraso.
Um dia quase perfeito, se não fosse o mal estar que senti durante toda a tarde após comer um espaguete à bolognesa. Ao voltar do briefing o pessoal da SPORTV já estava nos esperando na cabana, pois iriam nos entrevistar para um especial dos brasileiros na competição.
Antes da entrevista, fui ao banheiro e botei todo o meu almoço para fora (URGH) pois não estava mais aguentando o mal estar. Melhorei.
Após a entrevista o Marcao nos preparou um bom macarrão ao sugo, mas infelizmete não consegui comer. Fui tomar banho e dormi.
Dia 01/12 - Quarta feira
O dia amanheceu com uma chuva leve.
Ao acordar tomei um bom banho fui finalizar a minha mochila. Tentei comer algo mas não consegui. Confesso que fiquei um pouco preocupado. Mochila fechada! Ufa ainda bem que conseguir colocar tudo que eu julgava precisar.
O Marco também já estava com tudo pronto e saiu um pouco na frente pois queria telefonar para a Lilian. Depois de uns 5 minutos da sua saída ele voltou assustado falando que havia esquecido a calça impermeável (equipamento obrigatório). Por sorte eu tinha uma a mais e o emprestei.
Daí então seguimos juntos para a a largada. O Marco estava nervoso porque não tinha encontrado nenhum lugar para telefonar.
Paramos num posto de gasolina que tinha uma loja de conveniência e por sorte do Marco ( e minha também ) lá tinha uma cabine para realizar chamadas internacionais. Ufa... Já pensou aguentar ele falando que não tinha conseguido falar com a primeira dama a prova inteira? Nem pensar.
A largada atrasou um pouco e por essa razão a ansiedade também afinal eu gostaria de fazer uma boa prova principalmente ao lado do Marcão. Mas ao mesmo tempo estava apreensivo com a minha condição pois não havia comido quase nada nas ultimas 20 horas.
3...2...1 foi dada a largada !
Seguimos trotando atrás do carro madrinha que nos deixaria na entrada da trilha. Iniciamos num ritmo tranquilo para podermos nos aquecer fisicamente.
O mais difícil no início da prova e segurar o ritmo para não seguir o ritmo dos demais. Afinal faltavam ainda 145km de prova hehehehehe.
Logo na primeira subida mais longa senti que as minhas pernas não estavam gerando muita força e estava me cansando rapidamente. Em menos de 2 horas estávamos chegando na primeira montanha da prova. A visão do céu escuro indica baixa temperatura sem contar a velocidade do vento.
Subimos numa velocidade muito baixa em razão das minhas dificuldades, hora eu sentia muito cansaço, hora eu sentia uma grande do de cabeça. Passe todo esse primeiro trecho testando o que eu conseguiria comer ou não e isso é muito ruim. O Marco estava literalmente se divertindo com tudo isso.
Essa primeira montanha era o Cerro Colorado e em seguida subiríamos até o cume do Cerro Bayo (estação de esqui). Tudo com a presença constante do frio, vento e nevasca.
Após descermos da estação de esqui, chegamos ao PC1 no qual encontrava-se meu meu amigo argentino que vive em San Martin de los Andes, Marcelo Flores. Passamos na colocação 160o mais ou menos.
Seguimos rumo ao PC 2 que seria nosso primeiro acampamento.
Para chegarmos no PC2 deveríamos cruzar outro cerro, desta vez o Cerro Newbery e uma das nossa preocupações era realizar a subida antes do anoitecer. Apertamos um pouco o passo porém a noite nos pegou no topo da motanha e a forte nevasca se fez presente mais uma vez.
Seguiamos pela montanha sem Headlamp até que um do patrulheiros da prova nos pediu que colocássemos as lanternas. Paramos e fomos castigados pelo frio e pelo vento.
Nos equipamos rapidamente e realizamos a descida o mais rápido possivel.
Chegamos à uma rodovia de asfalto que nos levaria ao acampento 1. Nesse trecho o Marco saiu andando na frente e de repente sumiu.
Ao chegar no PC2 quando fui passar meu chip para comprovar a passagem percebi que o número do Marco não estava marcado. Pensei: Ferrou !
Imediatamente retornei para a rodovia e fiquei pensando: será que ele passou direto ou está procurando no lugar errado? Pois o PC2 era dentro de um camping.
Essa idas e vindas até a rodovia se repetiram por 3x. Até que na terceira eu o avistei retornando. O Marco havia passado 3km do local certo do PC.
Comemos, cuidamos dos pés e seguimo em frente sem dormir. Vale lembrar que tudo isso aconteceu por volta das 5 horas da manhã.
O próximo objetivo era chegar no PC3 local onde encontraríamos o segundo acampamento da prova. No meio do percurso encontraríamos um PC de controle que estava localizado numa região chamada Mallin das Neblas. Um descampado rodeados por grandes montanhas nevadas, um lugar muito bonito.
Desse PC deveríamos realizar uma etapa de alta montanha com percurso aproximado de 16km e um desnível altimétrico de 3000m.
Por sorte ou azar esse trecho foi cancelado em razão das equipes estarem muito mais lentas do que o programado, inclusive as equipes ponteiras.
Como essa mudança o caminho até o PC3 ficou 5km maior e interminável. O que havíamos programado para durar 4 horas, durou quase 6 horas.
Chegando no PC3 comemos e resolvemos dormir 1h30 antes de sair rumo à chegada.
Mas em razão do frio conseguimos dormir apenas 30 minutos. (já tínhamos dormido por 30 minutos no caminho para o PC3).
Até agora tínhamos dormido 1h em toda a prova.
Saímos do PC3 por volta das 22:30. No meio do caminho 2 franceses resolveram seguir conosco pois eles não navegam bem.
Depois de 16km de percurso começamos um trecho em que deveríamos cruzar pelos menos 15 vezes por rios de águas gélidas. Isso por volta das 5 ou 6 horas da manhã. Eu estava pregado de sono.
Em uma das travessias eu fiquei por ultimo da fila e enquanto eu esperava, literalmente acabei dormindo em pé. Quando acordei não via nem o Marco, nem os dois franceses.
Chamei pelo Marco que por sorte não estava longe. Pedi para esperar e fui ao encontro deles. rsrsrsrsrs
Depois de molhar e congelar os pés, tínhamos que subir a última montanha da prova, o Cerro Newbery novamente mas por uma outra rota.
Fui capengando de sono até lá em cima.
Porém eu sempre fico na dúvida se é pior subir ou descer uma montanha.
Após a descida faltavam quase 20 km até a chegada. Era necessário ter paciência pois pelo menos teríamos mais 4 horas de prova.
Cruzamos a linha de chegada as 16 horas da sexta feira com 52 horas de prova.
A sensação de missão cumprida é espetacular.
E esse ano eu tive a companhia do meu grande amigo Marco Antonio dos Santos que resolveu participar da prova de última hora.
Valeu Marcão.
Agradeço a Claudia minha esposa, minha família e meus amigos que sempre me apoiaram e que ficam aqui acompanhando pela internet tensos e apreensivos. Sei que isso não é nada fácil.
Até a próxima aventura.
Sidney Togumi
Nossa, vc foi muito bonzinho!!! hehehehe
ResponderExcluirParabéns meu querido.
mande fotos ou fale dos equipamentos obrigatórios
ResponderExcluirqauis as marcas melhores de roupas e tenis
dicas sobre os equipamentos , o que não levar e porque, o que é realmente util.
dicas como por exemplo: levar o tenis que treinou e não o novo para não machucar, enfim algumas dicas para quem quer ir pela prima vez e não quer se dar mal. Um abç, dado.rita@gmail.com