sexta-feira, 3 de junho de 2011

Ironman Brasil 2011 - Relato da prova


Bom a minha história sobre o Ironman Brasil 2011 começou exatamente três dias após ter completado a edição 2010 dessa mesma competição.
Com a ajuda do meu amigo Jorge (Negão) que me avisou via msn que as inscrições estavam se esgotando, fiz a minha inscrição às pressas sem pensar muito no que viria pela frente, mesmo porque minhas pernas ainda estavam doendo muito em razão da prova realizada no domingo anterior.
Inscrição feita. Agora não tem mais volta. Rumo ao Ironman Brasil 2011 !!!
Ainda no 2o semestre de 2010 participei de algumas provas de aventura, ultramaratona, sempre pensando no Ironman.
Em Janeiro iniciei meus treinos para esse grande evento e ao contrário de 2010 no qual realizei 90% dos meus treinos sozinho, em 2011 contei com a companhia do meu amigo Rodrigo Galleti, nutricionista esportivo que iria estrear no Ironman Brasil e deixou sobre a minha responsabilidade e elaboraçãos do seu programa de treinamento.
Depois de muitos quilômetros de natação, ciclismo e corrida, no dia 24 de maio (dia do meu 38o aniversário) colocamos o pé na estrada rumo ao Jurerê Internacional - Florianópolis.
Saímos de São Paulo as 6 horas da manhã, paramos em Curitiba para almoçar com duas amigas (Ana e Daiane) e chegamos em nosso quartel general as 18:30.
A Claudia, minha primeira dama, chegaria de avião as 23:40


Quartel General UPFIT Assessoris Esportiva

Nascer do Sol em Jurerê
Na quarta, quinta e sexta feira mantivemos uma rotina bem tranquila, nadando todos os dias por volta das 7:30 horas e no final da tarde realizávamos outra sessão de treinamento de corrida ou ciclismo.
No sábado, véspera da prova, tanto eu como o Rodrigo nos concentramos em organizar toda a logística da prova além de preparar as bicicletas para o dia seguinte. Mesmo porque nesse mesmo dia realizaríamos o bike check in, isto é, deixaríamos nossas bicicletas devidamente identificadas na área de transição junto com as sacolas de transição de modalidades.
Todos esses dias contamos com o apoio da Claudia que cuidava da nossa alimentação seguindo`a risca as orientações do Mario (Natural Sports) que planejou todo o meu cardápio para esse novo desafio.
Entre sexta feira e sábado nossa equipe recebeu novos integrantes: Rogério Nunes, Marcão, Lili, Vinícius, Felipe e os pais do Rodrigo, Reinaldo e Cristina.
Depois de um jantar de massas preparado pela Claudia fui para a cama por volta das 22 horas, afinal a alvorada seria as 4 horas da manhã em razão da largada estar marcada para as 7 horas em ponto.
Depois do café da manhã já devidamente uniformizado, eu , Rodrigo, Rogério e Felipe seguimos até a área de transição pois tínhamos que verificar que se estava tudo bem com as bikes, colocar as garrafas de suplementos que utilizaríamos durante a etapa de ciclismo, realizar a marcação do corpo, vestir a roupa de neoprene, aquecer, dar um beijo na Clau e aí sim alinhar na linha de largada.
Chegamos na linha de largada com 20 minutos de antecedência, visualizamo as bóias e a partir daí foi só concentração e mentalização do longo dia que teria pela frente.
Momentos antes da largada lembro que fechei meus olhos e pedi que tivesse um bom dia !
O nascer do sol as 7 horas em ponto na praia do Jurerê Internacional e uma das belezas que a natureza presenteia a todos os presentes.
Toca a sirene de largada e os 1900 triatletas entram nas águas geladas do mar de Jurerê.
Os primeiros 1000 metros de natação é pura pancadaria e conquista de espaço para conseguir nadar, tive muita dificuldade para enxergar a primeira bóia de referência pois o mar estava com grandes ondulações além do grande número de participantes.
Tive a mesma dificuldade  quando contornei a bóia e apontei para a praia, percebi que havia um grupo `a minha esquerda, um outro grupo `a minha direita e pensei: "vou seguir por aqui". Depois de algumas braçadas consegui localiza a bóia que estava localizada na praia porém imaginava que havia perdido alguns bons minutos pela má navegação nessa primeira parte da natação. Não me abalei, mantive a calma pensando: "a prova ainda está começando".
Quando saí da água no final da primeira parte do "M" pensei em não olhar o relógio, mas não consegui, olhei e vi o tempo de 35 minutos. Pensei: "não nadei tão mal quanto estava imaginando".
Tomei um gel que levei na manga da roupa de neoprene, peguei um copo d´agua oferecido pela organização e segui a diante para a segunda perna da natação.
Quanto estava entrando na água ouvi um staff gritando que havia uma correnteza "puxando" para a esquerda, confesso que essa dica foi fundamental para a minha orientação na água.
Fechei a etapa de natação em 1h03min. Dentro das minhas expectativas.
Estava me sentindo super bem e pela primeira vez fiz a corrida para a tenda de transição sem estar ofegante...confesso que fiquei surpreso.
Fiz uma rápida transição e quando estava saindo da tenda vi o Rodrigo chegando para fazer a transição.
Subi na bicicleta e parti para a primeira volta de 90km de ciclismo com o objetivo de pedalar a uma velocidade média de 35km/h mas isso dependeria das condições de vento. Nesse início tive a minha segunda surpresa da prova, quando olhei para o lado, estava pedalando ao lado da Fernanda Keller.
Por volta do km 65 dessa etapa o Rodrigo me alcançou (o que já era esperado por mim) porém consegui manter um distância constante sem deixá-lo escapar.
Terminamos essa primeira volta juntos e quando fiz o retorno consegui visualiar a Claudia com a camiseta da UPFIT. Como é bom vê-la durante a prova...Acenei e abri a segunda volta de 90km.
Quando cheguei na rodovia de acesso ao centro de Florianópolis percebi que a velocidade do vento havia aumentado e que eu estava fazendo muita força para manter um velocidade inferior a que eu estava produzindo na primeira volta.
Pensei: "hummm...tenho que me administrar"
Quando chegou a primeira subida percebi que as pernas estavam cansadas e não estavam produzindo mais tanta força com anteiormente, tanto que ao tentar pedalar em pé na subida, senti o quadríceps esquerdo dolorido.
E esse vento contra foi meu companheiro ( e dos outro competidores também) até a chegada ao sul da ilha, próximo ao aeroporto.
O que me estranhava era que eu não via mais o Rodrigo, não sabia o que havia acontecido. (mais tarde fiquei sabendo que ele havia recebido uma punição por vácuo no final final da primeira volta)
Quando comecei a retornar para Jurerê o vento que antes era um inimigo passou a ser um grande aliado permitindo desenvolver um bom ritmo sem necessitar de grandes esforços.
Fechei a etapa de ciclismo em 5h18min (no meu relógio) o que para mim foi muito bom pois consegui manter a mesma média que 2010 porém em condições mais difíceis.
Entrei na área de transição tentando descobrir como as minhas pernas iriam se comportar na etapa de corrida. Peguei tudo o que estava na minha sacola, tomei água e gatorade e fui gastar a sola do tênis.
Já saí cansado para correr, quando cheguei no km 4, escutei uma voz conhecida com um sotaque gaúcho, era o coronel Xandão gritando meu nome e me incentivando com uma música do U2 no último volume do seu carro. Quase comecei a chorar...
Voltei a me concentrar e sabia que estava fazendo um grande esforço para manter aquele ritmo e quando cheguei no km 7 senti um pouco de tontura, nesse momento encontrei mais uma vez com o Xandão que dessa vez estava a pé me perguntando se eu precisava de algo.
Disse a ele que não estava me sentindo bem, passei por um aid station, comi, bebi e caminhei pela primeira vez na prova. Melhorei um pouco e voltei a trotar até a massacrante subida que temos durante o percurso.
Infelizmente eu não tinha condições de subir trotando e voltei a caminhar.
Logo em seguida comecei a sentir um incomodo na sola do pé esquerdo e imaginei que fosse uma pequena pedra e pensei :"quando eu chegar no special needs eu trocarei de tênis e aproveito para limpar a meia."
Fechei a primeira volta da corrida (21km) com 2 horas, acima do que eu esperava no meu plano A, mas como eu estava já em pleno plano B achei que estava bom.
Cheguei no special needs que se localiza no km 23 da maratona, peguei minha sacola, sentei, tirei o tênis, a meia e "surpresa !!!" estava com uma bolha e não tinha o que fazer. Vesti a meia novamente, coloquei o outro par de tênis e segui a prova.
O incômodo da bolha foi aumentando e as pernas travando cada vez mais. A partir daí a guerra psicológica entre eu e eu mesmo foi aumentando.
Em alguns momentos eu pensava que tinha que fazer mais força outro momentos pensava que estava ficando velho e louco para continuar fazendo essas coisas.
Acabei ganhando um outra bolha no pé direito, mas para quem já estava ferrado, não importou tanto.
Quando finalizei a segunda volta da corrida (10,5km) eu tinha que receber uma segunda pulseira, a staff segurou a pulseira aberta e eu fechei a mão direita para conseguir colocar a pulseira sem precisar parar. Putz errei o buraco...hahahaha. Realmente eu estava mal...hahahaha. Sorte que havia uma segunda staff preparada para me ajudar.
Quando cheguei no km 33 mais ou menos encontrei novamente com meus amigos: Marcão, Lili, Vinicius e a minha primeira dama Claudia. Nesse momento ela veio correndo do meu lado dizendo que sabia o quanto eu estava cansado e dolorido e que eu deveria utilizar minha mente para chegar ao final desse desafio.
Eu apenas escutei. Acho que não disse nada. Acenei com um sinal positivo com a cabeça. Mas na verdade eu estava com vontade de chorar porque estava cansado de fazer tanto esforço. Nunca havia passado por isso.
Desse ponto eu consegui correr até o km 40 sem parar. Coloquei esse objetivo e consegui.
No km 40 havia um posto de água. Bebi água, isotônico, coca e pensei...agora só paro quando cruzar a linha de chegada.
Ledo engano.
Quando estava chegando no km 41 minha velocidade caiu bruscamente, as pernas começaram a travar de vez e na minha cabeça passava o pensamento que não conseguiria chegar correndo.
Havia um outro posto de abastecimento e segui o ritual plano B , bebi água, coca, isotônico e voltei a trotar o último quilômetro dessa saga triatlética.
Ouvir as pessoas gritando e te felicitando é uma sensação indescritível no Ironman Brasil e chegando próximo ao funil de chegada reencontrei todos os meus amigos. Muitos gritaram meu nome e confesso naquele momento eu não consegui saber quem era quem.
Quando vi a Clau, peguei a sua mão para que ele cruzasse mais uma linha de chegada do Ironman Brasil comigo.
10 horas e 41 minutos. Fim do Ironman Brasil para mim. Ufa...acabou.
Dei um longo abraço e um longo beijo na Clau e a agradeci por todo apoio que ela me dá nessa minhas loucuras mundo afora.
Hoje minha cabeça está a mil por hora pensando em tudo que passei, avaliando a minha performance e tentando imaginar o que faria ou o que farei em 2012.
Quero dar os parabéns a todos que completaram o Ironman Brasil 2011 !
Parabéns especial ao Rodrigo Galleti, companheiro de treino e que completou seu primeiro Ironman com uma performance espetacular. Estamos juntos velhinho...Parabéns
Parabéns também ao meu amigo Jorge (negão) parceiro de treino e de muitas risadas. Parabéns pelo seu primeiro Ironman.
Gostaria de agradecer a todas as pessoas que torceram mim, independente de estarem em Floripa ou não. Seus pensamentos positivos nos empurram nos momentos mais difíceis.
Obrigado Claudia por ser minha esposa, amante, companheira, staff, psicóloga, manager enfim minha principal apoiadora dos meus projetos. Obrigado.
Obrigado aos meus pais e família pois apesar de não entenderem o porque eu faço essas loucuras, mesmo assim me apóiam.
Obrigado aos meus amigos Marcão e Lili que não medem esforços em me motivar pois fazer um bate volta para Floripa não e fácil. Saibam que é muito bom estar perto de vocês.
Obrigado Xandão pela força durante toda a prova...esse meu amigo dos pampas
Obrigado Lu e Henrique pelo incentivo...esses meus amigos sotero politanos.
Obrigado Rogério Bocca (treinador UPFIT) que ficou em São Paulo tocando os treinos UPFIT. Estou esperando o dia para corrermos um Ironman juntos novamente.
Obrigado Rogério Nunes, Felipe, Reinaldo e Cristina (pais do Rodrigo Galleti) que me apoiaram durante toda a prova. (desculpa por não conseguir nem acenar para vocês).
Obrigado Sarhan pela companhia nos treinos e nas discussões sobre triatlon.
Obrigado ao Mario - Natural Sports por cuidar da minha nutrição.
Obrigado ao Mó - pelo tratamento fisioterapico

Agora é colocar as pernas para cima...e descansar !!!
Até a próxima...

Sidney Togumi









2 comentários:

  1. Paulinho (E-Lama/Selva)6 de junho de 2011 às 21:38

    Parabens Toga....vc é sem duvida alguma um homem-de-ferro!

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